Berlim é uma das cidades mais importantes no que diz respeito ao grafite. Diversas obras mundialmente conhecidas estão espalhadas por aqui, colecionando exposições ao ar livre de artistas renomados como Os Gêmeos, Blu e Banksy, além das lendárias obras que cobrem o trecho do East Side Gallery.
A arte, que vem de uma postura inicialmente rebelde, é muito bem recebida na capital alemã e já faz parte do cotidiano berlinense. Ao contrário do que se vê em muitos lugares do mundo, o grafite aqui, apesar de ser muitas vezes ilegal, não é visto como vandalismo na cabeça das pessoas locais, mas sim como uma forma de expressão e liberdade. Inclusive é até incentivado e utilizado como pretexto para atrair turistas para a cidade.
Um dos grupos mais forte de Berlim é o 1UP (One United Power), que teve seu início na capital alemã e hoje já exerce grande influência em diversas outras cidades do mundo. O grupo vem de Kreuzberg e está ativo desde 2003. Não é claro quantos grafites realmente pertencem ao grupo. A maioria das pichações de “1UP” em locais públicos são ilegais, uma vez que não foram autorizados pelos proprietários ou pela administração da cidade.
O filme “One United Power”, que foi publicado em 2011, documenta o trabalho do grupo e retrata a experiência de levar a sua marca para outras cidades, como Paris, Istambul e Bangkok. A estreia ocorreu em 10 de dezembro de 2011 no cinema Babylon. A galeria “Spree Urban” apresentou em setembro de 2014 algumas obras do 1UP, sob o título “Eu sou 1UP”.
Berlim possui diversos painéis incríveis, que foram todos autorizados pelos proprietários e inclusive financiados em alguns casos. Porém, podemos afirmar que aproximadamente 95% das obras são ilegais e se enquadram como vandalismo segundo a lei local. O que acontece é que no final das contas a maioria das pessoas gostam destes novos desenhos que surgem e dão vida para a cidade, sempre trazendo muito significado na sua essência.
Recentemente na estação Heinrich-Heine-Str. (linha U8) foi grafitado um enorme “Smile”, que do dia para noite virou a grande sensação da cidade. Desde sua aparição, muitos berlinenses passaram por lá para conferir e inclusive a própria BVG, empresa de transporte público de Berlim, fez graça sobre o ocorrido.
Mas o grafite também pode ser utilizado como embate político. Um caso muito peculiar ocorreu em 2013, quando os artistas “Blu” resolveram apagar a sua própria obra de arte em forma de protesto. Seu grande mural, localizado próximo à estação de metrô Schlesisches Tor, representava dois irmãos retirando suas máscaras e com isso personificando a reunificação alemã. O fato dos grafiteiros optarem por apagar sua própria obra veio do fato de uma construtora ter comprado o terreno ao lado para construção de um novo prédio e com isso influenciar na gentrificação desta região tão particular de Berlim.
Outro trabalho bastante famoso é o do artista francês Victor Ash, que desenhou o “Cosmonauta” em uma das paredes de um prédio de Kreuzberg. A pintura, feita em 2007, tinha como intuito representar o ícone máximo da Guerra Fria, que foi a grande disputa/corrida espacial entre os Estados Unidos e a União Soviética. Para o artista, Berlim é a cidade que mais personificava e simbolizava este momento da história mundial.
Não são apenas os grafites que se espalham pela cidade, mas também os adesivos. Sim, diariamente são colados inúmeros adesivos em todos os cantos, com diferentes mensagens e muitas vezes com recados políticos. É muito comum encontrá-los nas portas, estações de metrô e é também tema de decoração de estabelecimentos, como se vê em algumas hamburguerias!
Em Berlim existem inúmeras estruturas antigas abandonadas, como cervejarias, hospitais e até uma estação de espionagem, na qual os artistas criam suas obras. No verão de 2016, o Teufelsberg abriu as portas para os visitantes que tinham interesse em conhecer as antigas estruturas e explorar as incríveis instalações e os grafites. A “street art gallery” é realmente muito interessante. O custo atual para entrada é de 8 € e lhe dá acesso a todo o complexo da estação. Existe um quiosque, no qual é possível comprar comidas típicas alemãs e também bebidas. A principal estrutura conta com 3 pisos destinados aos painéis de grafite misturados com móveis abandonados como cadeiras, poltronas, sofás, caixotes, etc.
Lembramos que este texto não tem o intuito de defender ou julgar o trabalho dos grafiteiros. Nossa intenção é apenas a de informar como o grafite é visto em Berlim e contar a sua importância para a cidade.
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