Uma das perguntas mais frequentes que ouço é: por que você escolheu morar em Berlim?
Com um sorriso no canto do rosto passa um filme em minha cabeça, um curta-metragem de uma vida intensa nesta cidade que, sem dúvidas, entrou em minhas veias e tornou-se parte do meu DNA.
Lembro-me como se fosse hoje o dia ensolarado em que me mudei para cá. Não pude me aguentar e, após deixar as malas em meu novo apartamento, peguei o U-Bahn para explorar tudo que podia.
Eu sempre achei o U-Bahn de Berlim uma máquina do tempo, que leva as pessoas para as suas viagens pessoais, destinos particulares e supostamente desconhecidos. Digo isso, pois Berlim é uma cidade cheia de sonhos e nas pessoas que vejo no metrô eu crio em minha mente uma história para elas. Pode parecer um pouco de loucura, mas eu gosto de criar roteiros para estes estranhos que, de certa forma, passam a fazer parte da minha história também.
Admiro aqueles que seguem seus sonhos e não esperam para que outros decidam por eles o que é certo ou errado. Viva o multicultural, o hipster de Neukölln, a galera do Club Mate e os baladeiros do final de semana ou da semana toda.
Em Berlim eu encontrei mentes brilhantes, afinal daqui também saíram 29 ganhadores do prêmio Nobel só da Universidade Humboldt. Incrível, não?
A visita a filarmônica foi ridiculamente uma lição. Em meus trajes de gala, para apreciar a apresentação da flautista e do pianista, percebi que algumas pessoas estavam bastante à vontade em seus moletons. Vista-se como se sentir confortável e não se importe com isso! Mais um ponto para a cidade.
Neste ano comprei tickets para participar do Berlinale, o maior evento do cinema na Alemanha. Despretensioso entrei e, para chegar à sala de cinema, não havia um caminho especial para os simples mortais. Percebi que estava no tapete vermelho ao lado dos artistas que concorriam aos prêmios. Pena que a Penépole Cruz não estava no mesmo horário. Em Berlim, você pode ser o astro da sua própria vida.
Na minha primeira semana, passeando pela Friedrichstrasse, fui interrompido pelo alto volume de uma BMW conversível que tocava o single The Bad Touch. Olhei para meu amigo e rimos! Berlim permite que bons ritmos voltem sem pudor algum!
A cidade me surpreende até hoje, e olha que já estou aqui há quase dois anos! E você, daria uma chance para Berlim?