Hoje vou contar para vocês sobre a minha visita à região do Bodensee, também conhecido como Lago da Constança, no sul da Alemanha, que é a fronteira natural com a Suíça e um pedacinho da Áustria. Foi uma viagem fantástica, onde pude visitar lugares incríveis e conhecer pessoas maravilhosas. Passei por cidades como Ravensburg, Wangen, Lindau, Bregenz e pela pequena Amtzell, onde minha aventura começou! E por ter tantas coisas para contar e ter ficado um tempo longe do Blog, farei o relato dos três dias que fiquei nessa região.
A escolha de ficar em Amtzell não foi por acaso, pois foi nesta charmosa vila que me hospedei na casa de uma das minhas melhores amigas: a Corinna! Fiquei muito contente com o convite, pois além de revê-la, pude vivenciar como é a rotina dos alemães nesta região bastante tradicional da Alemanha. Como cheguei à noite e já estava exausto, preferimos descansar e explorar a região na manhã seguinte, quando pegamos o carro e fomos para Wangen.
Wangen: um banho de tradição local
Saímos rumo à cidade de Wangen pela manhã, pois fomos convidados pelo Jürgen, um outro amigo nosso, para provarmos um “brunch” tradicional da região. A cidade é pequena, com pouco mais de 25 mil habitantes. Os primeiros registros de Wangen datam em 815 d.C. com o nome de “Wangun” em um documento de um monastério.
Caminhamos pelas ruas charmosas da cidade, com construções bastante preservadas. A cidade foi destruída três vezes por incêndios nos anos 1539, 1793 e 1858, porém sempre reconstruída e mantendo os elementos arquitetônicos que vão desde o início da idade média até o fim da era barroca.
Após uma curta caminhada, chegamos ao Fidelisbäck. Trata-se de uma padaria tradicional da região, e quando falo “tradicional” pode-se levar ao pé da letra, pois a fundação do estabelecimento data do ano de 1505! Isso mesmo, apenas 5 anos após, por exemplo, a chegada dos portugueses ao Brasil. O local é muito agradável e conta com ótimas opções para o brunch do domingo.
Encontramos nosso amigo e, ao sentarmos à mesa, perguntei qual seria o prato mais tradicional para provar e poder me sentir como um habitante local. Jürgen não pensou duas vezes e já pediu uma cesta com pães típicos da região, uma fatia de carne de porco chamada aqui de Leberkäse, e meio litro de Meckatzer (uma cerveja local). Chamou a garçonete e já soltou: “Wir möchten eine Scheibe heißen Leberkäse und ein kühles Meckatzer Bier.”
A comida era muito boa! E achei curioso o fato de tomarem cerveja durante o café da manhã, algumas das pessoas, inclusive, pediam a cerveja em temperatura ambiente. Uma outra coisa que eu admirei do local é que as pessoas compartilham as mesas. Estávamos nós três em uma mesa, quando um casal idoso chegou mais tarde e pediu para sentarem juntos. Não só foram muito gentis, mas também participaram da conversa. O ambiente tinha um clima bastante familiar, muito agradável e descontraído. Recomendo este lugar, não só pela história de mais de cinco séculos, mas também pela qualidade no atendimento.
Depois desta manhã tão agradável, tínhamos mais um compromisso: almoçar na casa da avó da Corinna. Achei muito legal a oportunidade de conhecer uma casinha típica da região, localizada em uma pequena vila entre Wangen e Amtzell. Chegando lá, a avó e a tia-avó estavam sentadas aguardando por nossa chegada. Levamos um vaso de flores e, em troca, um abraço apertado foi a melhor recepção que podíamos ter. Conversamos por um bom tempo, ouvi histórias de quando seus netos ainda eram pequenos. O dialeto da região era um pouco difícil para que eu pudesse compreender todas as palavras, mas no contexto geral consegui me comunicar bem!
Para o almoço, a querida senhora havia preparado um prato típico da região chamado de Spätzle, que traduzido ao pé da letra significa “pardalzinho”. Trata-se de uma massa semelhante às fitas orientais, muito usada no sul da Alemanha, na Áustria ocidental, na Suíça, na Alsácia e, fora da Europa, em regiões de imigração alemã, como no sul do Brasil. Em certas cidades do norte da Itália, é conhecido por Troffi.
Foi realmente uma experiência fantástica e uma ótima oportunidade de ver como vive uma família nesta região sul do país. Despedimo-nos e continuamos nossa jornada!
Nosso próximo destino foi Ravensburg, onde passamos a noite e retornamos no dia seguinte para conhecer melhor a maior cidade da região.
Ravensburg: a cidade das torres
Ravensburg é uma cidade comercial e industrial bastante próspera nesta região, que fica perto do Bodensee. O desemprego é relativamente baixo, sendo que as grandes cidades mais próximas são Munique, Stuttgart e Zurique (aproximadamente duas horas de carro seja qual cidade for). Ulm, Konstanz e Bregenz são cidades menores, que podem ser acessadas de carro, ônibus ou trem.
A cidade é famosa pelas diversas torres espalhadas pela cidade. Por não ser um destino tão turístico, você percebe perfeitamente como é a vida local. Ravensburg é também bastante conhecida por sua fábrica de jogos.
Quando chegamos fomos direto para QMUH, um restaurante local com ótimas opções de carnes, hambúrgueres e Flammkuchen (uma espécie de pizza muito comum na região). O ambiente é bastante agradável e recomendo que façam reserva, pois o salão fica completamente cheio.
No dia seguinte, visitamos o centro antigo, muito vivo e movimentado. Via-se muitas crianças que tinham acabado de sair da escola, idosos sentados na praça e pessoas aproveitando o dia nos cafés. Uma tranquilidade e paz digna de uma cidade de interior!
Uma das coisas que mais gostei de fazer em Ravensburg foi ir ao Philosophenweg, uma pequena rua que dá acesso a um mirante de onde pode observar toda a cidade e ainda conhecer a primeira torre construída na cidade. Do topo é possível ver o Bodensee no horizonte.
Optamos por fazer um piquenique no topo da colina, levamos queijos, pães, salames típicos da região e uma garrafa de vinho que eu havia comprado em Colmar, na França, dias antes quando ainda estava em Freiburg na região da Floresta Negra. Enquanto aproveitámos a bela vista e nosso banquete, vários locais interagiram conosco e gostaram da ideia de fazer algo tão descontraído naquele local.
Nesta mesma noite fomos assistir à um recital de poesias, algo muito comum na Alemanha como um todo. Muito apreciado pelos moradores, o local estava lotado e a plateia bastante interessada nos textos apresentados. Foi bastante interessante participar deste evento. Mais tarde entramos em um Irish Pub, bem frequentado pelos moradores da cidade, porém não ficamos muito, pois no dia seguinte iríamos finalmente ao Bodensee!
Lindau: tranquilidade e beleza incrível
Lindau é uma cidade belíssima que fica localizada em uma ilha às margens do Bodensee, já no estado da Bavária. A primeira menção de Lindau na história foi documentada em 882 por um monge de St. Gallen, na Suíça, afirmando que Adalbert de Raetia tinha fundado um convento na ilha. No entanto, os restos de um assentamento romano levam a crer que já havia pessoas na região desde o primeiro século depois de Cristo.
Lindau é uma das cidades turísticas mais populares no sul da Alemanha. A cidade recebe a maior parte de seus turistas nas estações da primavera e verão e é famosa por sua arquitetura e pela possibilidade de praticar atividades ao ar livre, como ciclismo, vela, caminhadas, natação e camping, que também são bastante populares por aqui.
Andamos pelas ruas da cidade, apenas para apreciar as construções e as belas pinturas que enfeitam as casas. Muito simpática e fotogênica, Lindau entrou na lista das minhas cidades favoritas na Alemanha. Paramos para tomar um café e comer uma torta, antes de caminhar nas margens do lago.
Inclusive, a vista à margem do lago é impressionante, de onde pode-se observar as montanhas no horizonte e, durante o inverno, quando cobertas de neve, ficam ainda mais bonitas. Caminhamos vagarosamente, até o momento do pôr-do-sol, quando fomos surpreendidos com um céu esplêndido cheio de cores. Um presente da natureza para nós, que estávamos tão despretensiosos. Do lago é possível avistar as terras suíças e austríacas. Para os amantes de geografia, é muito interessante estar próximo à fronteira de três países ao mesmo tempo.
No caminho de volta para casa, já era noite e minha amiga explicou sobre algumas regras de trânsito comum na Alemanha, principalmente no sul: a partir das 22h, os carros devem que reduzir a velocidade para 30km/h quando estiverem passando pelas vilas ou centro de cidades, isso para não atrapalhar o sono dos moradores. Essa medida é chamada de Lärmschutz, “proteção contra barulho”, ao pé-da-letra. Achei ótima a ideia, uma regra que preza pela qualidade de vida das pessoas.
As estradas que ligam estas cidades ou vilas possuem curvas bastante acentuadas e, portanto, é preciso muita atenção ao dirigir. As paisagens pelas quais passamos são realmente muito bonitas e deve ser de fato um privilégio poder morar aqui. Voltamos para casa, pois eu precisava me despedir dos pais da Corinna.
No terceiro dia eu parti para uma outra região da Alemanha, mas antes disso ainda precisava conhecer Bregenz, uma cidade na fronteira, que pertence à Áustria.
Bregenz: subindo nas alturas
Acordamos cedo no dia seguinte, pois queríamos aproveitar ao máximo. Nosso destino era Bregenz, capital de Vorarlberg, o estado federal mais ocidental da Áustria. A cidade está localizada na margem oriental do Bodensee, o terceiro maior lago de água doce na Europa Central, entre a Suíça e a Alemanha.
A cidade é especialmente famosa pelo festival anual de música de verão: o Bregenzer Festspiele. Como não tínhamos muito tempo na cidade, aproveitamos para visitar seu ponto mais alto, o Pfänder. Para chegar ao topo, utilizamos o teleférico (Pfänderbahn) que a cada segundo foi revelando uma paisagem mais bela que a anterior. Neste dia tinha nevado, o que deixou tudo mais encantador ainda.
O parque oferece diversas atrações, como pista de esqui, um mini zoológico com animais da montanha, opções de trilhas e um ótimo restaurante chamado Pfänderdohle, onde é possível provar da culinária local. Na sobremesa, provei um dos melhores Apfelstrudel que já comi em minha vida!
A vista panorâmica é de tirar o folego. O Bodensee lá embaixo, o ar puro da região e a tranquilidade, foram as coisas que mais gostei neste parque. O dialeto austríaco da região também me chamou atenção e, mesmo estando apenas há poucos quilômetros de distância da Alemanha, já era possível notar a diferença. Por isso, se estiver subindo as montanhas e ouvir um “Servus!”, não estranhe, pois estão apenas lhe desejando “bom dia” ou dizendo “olá”!
Logo após este passeio maravilhoso, me despedi da Corinna e agradeci imensamente pelos três dias que pudemos estar juntos e pelas experiências que compartilhamos! Meu próximo trem vai para a Bavária, destinos: Nuremberg e a charmosa Bamberg!
Gostaria de visitar esta região? Converse com a equipe da Go Easy Berlin! Temos parceria com empresas de turismo da região e conseguimos oferecer excelentes opções com guias locais que falam português, espanhol e inglês. Descubra esta Alemanha tão preservada e compartilhe conosco sua experiência!
Até breve!
Dimitris.